sexta-feira, 27 de março de 2009

No preto ou no branco...


Sempre acreditei que a vida possuía duas cores. Que o homem poderia ter duas faces...Que somos bivalentes...Que possuímos o bem e o mal.


Sempre acreditei e acreditarei eternamente no bem. Mas muitas vezes, me fez pensar o porque da ligação entre o bem e uma vida certinha, perfeita.


Quando éramos crianças, o almejo de construir uma vida imortalizada, cabia nas nossas brincadeiras nos papéis rabiscados durante a hora do recreio. E por mais sonhadoras que éramos, nós sabiámos que no fundo não seria assim.


Para se ter um futuro pereeito, o correto seria:


Depois de sair da escola, aos 18 anos entraríamos na faculdade e durante aquele período de quatro, cinco ou seis anos, o cupido nos flecharia. O tal sortudo seria um possível advogado. Alto, inteligente e charmoso. Nos levaria para conhecer belas praias e lindas montanhas. Aos vinte e cinco, era chegada a tão sonhada hora: o casório. E perto dos trinta, uma bela criança seria encomendada pela cegonha, e no final,ahhh o final...seríamos felizes para sempre.


Posso dizer, que daquele grupo de gurias sonhadoras, ninguém seguiu a receita do bolo. Naquela época, o certo era viver no preto ou no branco. Na felicidade ou na infelicidade.


Nunca havia pensado, que por mais que houvesse tentado viver entre o preto e o branco, e por muitas e muitas vezes ter batalhado intensamente a viver no branco, naquela vida certinha. Percebi, que a para se ter felicidade o correto foi ter vivido no cinza...


Conheci muita gente que possui essa vida certinha, e a desperdiça na primeira oportunidade de viver incorretamente. Como? Magoando, mentindo, subornando, persuadindo... Isso sim é viver no preto e branco. Isso sim é ser do bem e do mal.


Compreedi que vivendo no cinza, não é necessário criar expectativas de si próprio, não é necessário se cobrar. Basta perceber o erro, perdoar, ser perdoado e dedicado. Percebi que por muitas vezes vivi no preto e no branco,e em muitos momentos fui infeliz.Mais infeliz do que feliz. Infelizmente.


Despertei que para viver no cinza, precisava ser apenas eu. Sem ser egocêntrica, mas qual a vantagem de tirar vantagem de momentos que não são seus?? Desculpe a ambiguidade, mas é verdade.


Não quero ter uma vida tipo conto de fadas, e jogar no lixo na primeira oportunidade atrativa e conveniente que me caber. Por que, é assim que os certinhos se sentem. Eles já tem tudo. E vivem se perguntando se é isso que querem levar da vida. Mas quando se dão por conta, desperdiçaram tudo por apenas um minuto de saciedade.


Estou curtindo essa onda do cinza. E pelo que vi nas tedências de outono-inverno, ele estará com tudo nas passarelas do dia a dia.




Seaa...

sexta-feira, 20 de março de 2009

I'm...


No espelho da vida, várias foram as faces de personagens apresentados há humanidade. O tempo como não perdoa, mostra o verdadeiro "ator principal" e não é bonzinho com a mentira de vários atores coadjuvantes que circulam por aí.Pelo contrário. Ele adota a verdade e a cuida como se fosse sua única filha E qual é a verdade? ou melhor, qual a relação da verdade e tempo. Se é que existe relação? Sim, ela existe.

Aquela infância feliz e agradável,mostrava a delícia de ser criança com direito a balas de goma e brigadeiros gordinhos. Mas como uma boa criança, a vontade de crescer aguçava mais a curiosidade, e aquele desejo de ser adulto começou a crescer e criar forças a cada dia, de a inverno a verão.

Pobre criança. Aliás, pobre verdade....

Naquele mundo que parecia ser de mentirinha, perfeição e verdade eram atores principais típica de uma festa de fim de ano escolar. Sabe como é? Todo muno feliz, todo mundo filmando, todo mundo retratando aqueles inesquecíveis momentos que tornariam-se imortalizados um dia. E esse dia chegou.Foi quando a criança se deu de conta que já era adulto, mas não era tão divertido assim, como era antes.

Olha o tempo mostrando a verdade...

O adulto cansou de ficar brincando de pega-pega com o tempo, por isso, plastificar-se tornou-se a solução, ou melhor dizendo, a única solução. Mas a consciência é danada, e muitas vezes dura e cruel. Hmm...isso está me lembrando alguém, será a verdade??
Sim, a verdade.

E foi assim que o adulto percebeu:

Para buscar a autenticidade e fazer com que ela fique consigo, era preciso ser criança novamente com direito a balas de goma, brigadeiro e todas aquelas gostosuras porém, poderia ser diet? Afinal quando somos adultos, nosso metabolismo fica mais aquietado, assim como a nossa eterna busca pelo "eu"ou pelo I'm...



"Não sei quem sou, que alma tenho.
Quando falo com sinceridade não sei com que sinceridade falo.
Sou variamente outro do que um eu que não sei se existe (se é esses outros)...Sinto crenças que não tenho.Enlevam-me ânsias que repudio.A minha perpétua atenção sobre mim perpetuamente me pontatraições de alma a um carácter que talvez eu não tenha,nem ela julga que eu tenho.
Sinto-me múltiplo.
Sou como um quarto com inúmeros espelhos fantásticosque torcem para reflexões falsasuma única anterior realidade que não está em nenhuma e está em todas.Como o panteísta se sente árvore e até a flor,eu sinto-me vários seres.Sinto-me viver vidas alheias, em mim, incompletamente,como se o meu ser participasse de todos os homens,incompletamente de cada ,por uma suma de não-eus sintetizados num eu postiço."
Fernando Pessoa